A pressão das indústrias farmacêuticas continua e o Brasil já é  hoje o segundo país no mundo atrás somente dos EUA na venda de Ritalina ou cloridrato de metilfenidato. Entre  2000 e 2012 a venda dessa droga de tarja preta aumentou de 71.000 caixas/ano para cerca de 1.850.000. Tem sido chamada de “droga da obediência”, para  tratamento de TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) — um tipo de transtorno neurobiológico provocado por mau funcionamento das estruturas neurais que provoca desatenção, inquietude e impulsividade.

A Novartis fabricante do remédio tem feito uma boa campanha para institucionalizar no Brasil o que já acontece nos EUA. Lá os números apontam que cerca de 6,4 milhões crianças de 4 a 17 anos receberam o diagnóstico de TDAH em algum momento de suas vidas, um aumento de 16% desde 2007, e de 53% na última década. Em resumo, uma em cada cinco crianças no ensino médio dos EUA é diagnosticada com TDAH.

Recentemente, o Conselho Federal de Psicologia lançou uma campanha com o seguinte slogan: “Se você acha que seu filho está muito arteiro, fique calmo. Ele está apenas sendo criança, não tem TDAH”.

Longe de dizer que TDAH não existe como algumas alas mais radicais da psicologia, e de que o uso do remédio não tem função,  o objetivo desse texto é alertar para a medicalização ou o uso indiscriminado da droga que hoje além dos indivíduos com TDAH está sendo utilizada por estudantes de concurso como a “droga da inteligência”. Apesar desse uso abusivo pelos “concurseiros”, um estudo desenvolvido pela UNIFESP indica que a droga não tem eficácia em “turbinar” cérebros normais.

O metilfenidato pode causar reações adversas no sistema nervoso central como,  por exemplo, psicose, alucinações, convulsões, sonolência, ansiedade e, até mesmo, desejo de suicídio”. Um dos efeitos que também pode causar é o “efeito zumbi” na criança ou no adulto.

Outra contradição é o fato de que apesar de alguns estudos relacionarem a freqüência de indivíduos com TDAH ao vício em diversas substâncias, segundo o Dr. Luiz Alberto Chaves de Oliveira, coordenador de Políticas Sobre Drogas no Estado de São Paulo, cerca de 30% a 50% dos jovens em tratamento por dependência química relataram   já ter abusado de metilfenidato, pois os efeitos são semelhantes ao da cocaína, que também é estimulante.

Portanto, na hora de medicar seu filho e de se tratar, procure um médico de confiança ou alguém que realmente você acredite que tenha a capacidade de tratar TDAH de forma isenta e eficaz. Se o remédio realmente não apresentar um ganho efetivo em qualidade de vida, não tome! Simples assim!

Autor: Eduardo Drummond – Psicólogo Clínico – CRP 05-35489 – www.azulpsicologia.com.br